A liberdade de expressão está minada no mundo. Ninguém diz o que quer realmente dizer. Embonecar as palavras, com meios termos e embelezamentos ortográficos, para que não ofendam, não deixem o desconforto de ser confrontado sobrepor-se à pessoa visada no que intentamos dizer.
Ser frontal e objetivo é pagar um preço que o medo e o receio fazem qualquer pessoa afastar-se do caminho da verdade, preferindo a sátira em detrimento da voz ativa direta.
Pergunto, quando é que deixámos de ser sinceros? Quando é que deixámos de dizer o que pensamos? O cancelamento do ser humano e daquilo que este pensa e crê é um panorama diário que visa calar a voz de quem discorda, de quem tem uma opinião diferente, onde se tenta minar a autenticidade dessa pessoa e o seu direito ao pensamento, por mais diferente que este seja.
Se deixarmos de expressar por palavras, o direito ao pensamento será somente uma ilusão. Um eco na mente de cada um de nós de como entendemos, assuntos, pessoas, o mundo. Foi a diversidade de pensamentos e expressões desse pensamento de forma cristalina e prática que nos permitiu chegar às sociedades atuais.
O ser humano, é parte física e parte mental, não consegue existir verdadeiramente sem que ambas possam ser expressas de forma livre. Bloqueando o som da palavra, negamos o nosso passado, o presente e o nosso futuro estará ameaçado.
Nada de bom surge do que é negativo. Queremos verdade e democracia, Queremos seres humanos livres e plenos do que são, do que de bom podem trazer a este diálogo eterno de diferenças, ou queremos que uma única forma de pensamento seja instaurada e seja a verdade que impomos aos outros?
Todos temos espaço para estar no mundo e ver o mundo de forma diferente também é um direito. De onde vimos não significa que sejamos diferentes no que desejamos para cada um de nós e para cada um daqueles que amamos.
Seja qual for a ideia que defendemos, dar a todos, os recursos e espaço para que a contestem, para que a coloquem a nu, é uma forma de também nós vermos o que pensamos e melhorarmos a visão que temos de nós, dos outros, e do mundo.
Ser humano é partilhar de causas comuns, mas igualmente vermos estas causas com objetividade e factos.
Como podemos melhorar, sem evoluirmos cada um de nós no sítio onde mais guerras e tratados temos? No nosso pensamento, onde realmente tudo nasce, onde a informação toma forma e sai neste formato maravilhoso que chamamos de palavras.
Não matem à nascença as ideias, pelo contrário, ouçam-nas e melhorem-nas. Só em conjunto poderemos evoluir e alcançar feitos que tragam a todos um sentimento que todos pertencemos ao mundo. Escutem e interiorizem a ideia, esmiúcem-na e coloquem nela o vosso saber.
Mas façam-no com saber informado, não baseado em crenças e valores avulsos. Mas antes de tudo conheçam-se e do que sabem de vós, partilhem o positivo e mais valias para o mundo.
Foi o debate de ideias que trouxe a luz, não queiram fechar essa luz, porque a humanidade, os princípios, os valores e quem somos, tanto em conjunto como individualmente ficarão em perigo e numa era em que temos informação disponível, como nunca houve e pronta para quem quiser lê-la, seria um ato bárbaro e estúpido seguir tal caminho.
Não caiamos no erro de tentar impor o que consideramos verdade, pois a verdade não se impõe, partilha-se.
Imagem de Topo: Pixabay.pt
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